Não estou falando daquele aparelho que quando acaba o fornecimento de energia (falta luz em português coloquial) fica completamente inútil. Estou falando daquela brincadeira de criança da era pré-games, que consistia em falar baixinho no ouvido de alguém uma frase qualquer e esta pessoa repassar a mensagem numa fila grande de ouvido a ouvido até chegar ao último que compararia a mensagem recebida com a mensagem original. Geralmente não havia nenhuma semelhança entre as mensagem nem a menor lógica em como ela mudou tanto.
No tempo da linha discada teríamos um "NO CARRIER", no do telex uma "mensagem truncada", o que impediria totalmente a comunicação, só que no mundo real estas distorções ganham vida própria e tomam o lugar da versão original, temos vários exemplos no nosso mundo prático, três deles eu conheço bem.
- Muita gente chama aquele monstro meio verde meio cinza, feito de cadáveres com cicatriz na testa e parafusos no pescoço de Frankesnstein. Mas Frankenstein não é o monstro, e sim o sobrenome de seu criador. No romance de Mary Shelley o monstro não tem nome, cicatriz nem parafusos.
- Ali Babá não fazia parte da quadrilha de 40 ladrões, muito menos era o seu chefe, simplesmente achou o tesouro e foi perseguido por isto. O nome da história é "Ali Babá e os 40 ladrões", porque estes personagens aparecem na mesma história e não porque pertençam todos a um bando.
- Jack, o estripador, era um estripador, ou seja, matava as pessoas botando para fora as tripas delas, que eram prostitutas. Nunca se soube na realidade quem ele foi, pode ter sido inclusive uma mulher. Jack, o estripador nunca foi um estuprador. Já vi num documentário da TV (Globo Repórter é um documentário, acreditem ou não!), que os presidiários quando sabem que está chegando um estuprador já lhe põem o apelido de Jack e o fim do sujeito geralmente é triste. Fim mesmo, geralmente ele morre.
Praticamente todo mundo se refere a um político corrupto com uma grande quadrilh... (ops) grupo de aliados como o Ali Babá, se isto correspondesse à história, seria até bom para a imagem do tal político, afinal ele não pertenceria a um bando de ladrões.
Por último esperar cultura de presidiários fica difícil num país onde é realmente raro pessoas lerem livros espontaneamente, afinal com a TV ligada o dia inteiro não sobra tempo pra leitura.
Demorei para postar isto pois realmente não lembrei de outro caso semelhante. Queria colocar pelo menos umas dez referências. Se alguém se lembrar de algo, ficaria agradecido com comentários e sugestões.
Atualização: postagem sem links? Vou consertar então!
- Frankenstein em PDF, em inglês, obra já em domínio público, do site de domínio público mantido pelo governo.
- Uma das versões da história de Ali Babá e os 40 ladrões.
- Mais detalhes sobre o serial killer do século XIX que ainda fascina as pessoas no século XXI.
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