quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Telefone sem fio

Quando o uso popular muda o sentido das coisas!



Não estou falando daquele aparelho que quando acaba o fornecimento de energia (falta luz em português coloquial) fica completamente inútil. Estou falando daquela brincadeira de criança da era pré-games, que consistia em falar baixinho no ouvido de alguém uma frase qualquer e esta pessoa repassar a mensagem numa fila grande de ouvido a ouvido até chegar ao último que compararia a mensagem recebida com a mensagem original. Geralmente não havia nenhuma semelhança entre as mensagem nem a menor lógica em como ela mudou tanto.

No tempo da linha discada teríamos um "NO CARRIER", no do telex uma "mensagem truncada", o que impediria totalmente a comunicação, só que no mundo real estas distorções ganham vida própria e tomam o lugar da versão original, temos vários exemplos no nosso mundo prático, três deles eu conheço bem.

  • Muita gente chama aquele monstro meio verde meio cinza, feito de cadáveres com cicatriz na testa e parafusos no pescoço de Frankesnstein. Mas Frankenstein não é o monstro, e sim o sobrenome de seu criador. No romance de Mary Shelley o monstro não tem nome, cicatriz nem parafusos.
  • Ali Babá não fazia parte da quadrilha de 40 ladrões, muito menos era o seu chefe, simplesmente achou o tesouro e foi perseguido por isto. O nome da história é "Ali Babá e os 40 ladrões", porque estes personagens aparecem na mesma história e não porque pertençam todos a um bando.
  • Jack, o estripador, era um estripador, ou seja, matava as pessoas botando para fora as tripas delas, que eram prostitutas. Nunca se soube na realidade quem ele foi, pode ter sido inclusive uma mulher. Jack, o estripador nunca foi um estuprador. Já vi num documentário da TV (Globo Repórter é um documentário, acreditem ou não!), que os presidiários quando sabem que está chegando um estuprador já lhe põem o apelido de Jack e o fim do sujeito geralmente é triste. Fim mesmo, geralmente ele morre.
Quando alguém falar que alguém parece com o Frankenstein fica difícil saber se se trata de um elogio ou uma ofensa, afinal o doutor Frankenstein não é muito descrito no livro e se a pessoa estiver se referindo a alguma versão do filme, aí depende do ator. Agora se falarem que o sujeito parece com o monstro feito pelo doutor Frankenstein, com certeza se trata de uma pessoa muito feia mesmo!

Praticamente todo mundo se refere a um político corrupto com uma grande quadrilh... (ops) grupo de aliados como o Ali Babá, se isto correspondesse à história, seria até bom para a imagem do tal político, afinal ele não pertenceria a um bando de ladrões.

Por último esperar cultura de presidiários fica difícil num país onde é realmente raro pessoas lerem livros espontaneamente, afinal com a TV ligada o dia inteiro não sobra tempo pra leitura.

Demorei para postar isto pois realmente não lembrei de outro caso semelhante. Queria colocar pelo menos umas dez referências. Se alguém se lembrar de algo, ficaria agradecido com comentários e sugestões.

Atualização: postagem sem links? Vou consertar então!

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