terça-feira, 16 de outubro de 2007

Prioridade

Tenho um amigo que não conta com plano de saúde, sendo assim, quando precisa, peregrina por hospitais públicos atrás de atendimento.

Numa destas peregrinações eu estava ao lado dele. Afinal, alguém que nos ajuda quando precisamos merece ajuda quando precisa. Não que seja uma obrigação formal, mas o respeito mútuo acaba exigindo isto.

Num momento de desabafo ele me contou, e isto eu já sabia, que diversas vezes ele doou sangue voluntariamente sem outro interesse qualquer. E como acontece com todos os que não usam de hipocrisia e segundas intenções quando fazem o bem ao semelhante, ele me confessou estar se sentindo traído pelo sistema, já que quando ofereceu o próprio sangue foi bem vindo, mas quando precisou de ajuda ficou numa fila onde a grande maioria simplesmente estava ali para resolver seus próprios problemas de saúde sem se importar com qualquer um além de si mesmo, o que é compreensível em quem está doente.

Muitas coisas também faço na minha vida por princípios, mesmo me achando lesado nestas situações. Bem que eu poderia ser esperto e passar outras pessoas para trás apenas para garantir alguma vantagem para mim.

De qualquer forma, ele sabe que tenho este blog, mesmo que superestime o alcance deste meio de comunicação, ele me perguntou da possibilidade de eu fazer uma postagem questionando a possibilidade de doadores voluntários de sangue terem prioridade de atendimento em hospitais públicos como já tem os idosos e os deficientes. Afinal eles contribuem para funcionamento deste mesmo sistema que os põe em segundo plano. Seria até um incentivo para muitas pessoas fazerem doações.

Sei que este blog está começando e pode muito bem ser esquecido em pouco tempo, mas, acredito que uma idéia que entra na Internet tem a possibilidade de encontrar eco em outras mentes e um dia se tornarem realidade.

Sendo assim, acabo de fazer a primeira postagem que não brotou totalmente de minha mente. Claro que aqui cabe uma retificação, pois minha primeira postagem foi um vídeo inglês de uma paródia sobre a paranóia em torno da pirataria para consumo próprio feita na Internet, vídeo este que foi excluído do YouTube, sendo assim tive que apagar.

O atendimento em hospitais públicos é realmente muito ruim apesar de ter a CPMF "para ajudar", tirando a minha infância e um acidente grave, apenas entrei em hospitais públicos acompanhando este amigo e uma amiga, realmente tenho sorte em não precisar de atendimento público na área da saúde.

Outro site interessante sobre CPMF é o XÔ CPMF!!!

4 comentários:

Anônimo disse...

Também sou doador de sangue e, das primeiras vezes, em '94, ouvi o comentário que o doador teria prioridade em cirurgias na qual fosse necessário transfundir-se sangue (quando seria dispensável para aquele que doou sangue ao sistema público de saúde).
Recentemente foi aprovada (no DF) legislação que isenta o pagamento de taxas para participar de concurso público a quem doe sangue 3 vezes no ano.
De qualquer forma, quando vou ao Hemocentro penso no dia de folga, que considero uma necessidade (para repor as energias, hidratar-me, descansar e me alimentar bem).
Também penso no benefício que é enfrentar um desafio (¿vocês já viram o tamanho cavalar daquela agulha?) e contribuir para o bom funcionamento do sistema de saúde.
Contudo, a prioridade na fila não deveria ser uma solução generalizada para os problemas crônicos (seja nos hospitais, públicos ou particulares, seja nos bancos). Melhorar a qualidade do serviço, sim, deveria ser algo a ser perseguido (tanto na educação quanto na saúde).

Anônimo disse...

Concordo com o Marcelo. O que deve melhorar é o atendimento, e esta isenção de taxas é razoável e estimula mais doadores.

A doação é voluntária mas não deve servir para discriminar, pois muitos não podem doar: quem tem menos de 50kg - poucos, mas quem tem pressão alta - muitos; os que têm histórico de hepatite e outras doenças, etc. Imaginem se justamente uma pessoa que reúna várias destas limitações à doação vá ao hospital e tenha que esperar uma fila de rapazes jovens e saudáveis com pequenos problemas que, por serem doadores, terão privilégio de serem atentidos prioritariamente!

Unknown disse...

Esta prioridade acho que não deveria ser absoluta, poderia ocorrer após uma triagem. Afinal ser jovem e forte não isenta ninguém de adoecer.

Não acredito que alguém em sã consciência procure um hospital público para resolver um pequeno problema, e se o fizer contando com a prioridade, a própria triagem o recoloca na fila.

CaladoHelena disse...

Como defenir a prioridade de alguém perante outros ? já muitas vezes me questionei sobre este dilema e penso que não há resposta para tal questão.

Quem dá sangue deve se sentir bem consigo próprio por tal acto e rezar que quando possa precisar alguém também tenha dado.

Agora concordo com o que foi dito, o sistema de atendimento é que tem de melhorar, o resto é gerido conforme o estado de saúde das pessoas que se apresentam no serviço e nada mais.

Senão ... acabavamos por cair em mais factores já de si duvidosos de selecção, prioridade para os dadores, prioridade para os médicos, prioridade para os enfermeiros, prioridade para os policias, prioridade para ... E os restantes ? urgentes ou não, morriam atrás de tantas prioridades !

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